sexta-feira, 15 de julho de 2011

DISCERNIMENTO

Na minha terra, havia um motorista de táxi, o Mané Gambá, que perguntava a quem viesse solicitar o serviço:
- Qual o “itineral”?

Aí, quando você dizia o “itineral”, ele confabulava, questionava, mudava o percurso, quase convencia o freguês a ir a pé. É que ele queria ser honesto. “Só cobro pelo selviço”. E era mesmo!

De pouco adianta o melhor carro, o melhor motor, o melhor combustível. Se atrás do volante não houver quem saiba pra onde ir – o “itineral” – não há quem chegue a lugar nenhum. Esse é o itinerário. Antigamente, esse saber se chamava discernimento. Hoje, preferem assertividade, e outras palavras esquisitas. Prefiro discernimento. Diz mais do itinerário da vida.

Discernimento!

Em que prateleira de supermercado se encontra isso? Em nenhuma. Discernimento é planta que brota no terreno da memória: aquele conjunto de lembranças, representações e imagens que confere identidade a tudo o quê você é. Você sabe quem é você, dependendo daquilo que você lembra de você. (Tem muita amnésia que é só histeria. Pra que lembrar do que eu não vou mexer?) É a memória que você tem de você que o resgata de suas dúvidas na hora de escolher o melhor caminho, talvez, entre somar (1+1+1+1+1+1 = 6) ou multiplicar (3 x 2 = 6). O resultado é o mesmo. O processo é que muda!

Imagine se a resposta ao “itineral” do Mané fosse:
- Leve-me a qualquer lugar!
- Ara! Diria ele. Como isso "havéra" de ser?

Saber o quê, onde, como, por quê, pra quê, pra quem, quando, quanto... O quê mais? Ah! Por onde! Sobretudo, por onde.

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