sexta-feira, 15 de julho de 2011

CIÚME

Cada praça pode virar sala de atendimento. É só encontrar alguém, um banco e um motivo. Logo surge um assunto que começa desconhecido e termina num tema comum.

Assim como esse:
- Perdi minha mulher pela terceira vez...
- A mesma?
- A mesma!
- Mas como?

Confessou. Foi indecisão, insegurança, medo, paranóias de toda ordem e de todo canto que infectaram a mente toda vez que o coração não tinha certeza daquilo que queria ou daquilo que não queria... ver.

Mas – pense – será possível alguém ter certeza de algo, sobretudo, em assuntos do coração?

- Ela foi embora por causa do meu ciúme. Não me agüentou...
E chorou, ali, no banco da praça. E eu senti a dor como se assistisse uma cirurgia. Vi a fragilidade impossível, escancarada, despudorada, ali, no banco da praça.

Tentei ponderar o imponderável: que fosse lá, que voltasse, que pedisse perdão... Coisas que se diz quando não há o que dizer. E que nem mesmo a gente acredita quando fala.

Quando saí, eu o deixei segurando uma foto e olhando para ela, enquanto dizia:
- Por que fui tão burro? Por que fui tão burro?

Daí, foi que me lembrei ter lido em algum lugar: O coração é um palco. Nunca encene nele nenhuma peça que não queira que aconteça na realidade.

Um comentário:

  1. Temos que cortar o mal pela raiza. Mas onde a peça começa a ser escrita? Tá meio complexo isso.

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