sábado, 21 de abril de 2012

TECNOÉTICA – 2

Antes de continuar essa boa prosa, é preciso distinguir ética e moral.

Moral vem de mores, que em latim significa costumes.

Ética vem de ethos, do grego, e indica aquilo que aponta uma direção a seguir. Mas não uma direção qualquer: trata-se de um sentido carregado de intenção. Ou seja, o sujeito vai por ali, não porque todo mundo vá, mas por saber que aquele é o seu caminho, que ele deve e quer ir por ali. Eticamente falando, não basta apenas fazer determinada coisa só porque todos fazem, mas porque é da minha intenção fazer aquilo ou seguir naquela direção.

Quando se fala em ética, entram em cena três atrizes principais de um mesmo filme: LIBERDADE, VONTADE e CONSCIÊNCIA.

Daí, que a ética é um conjunto de princípios que a gente usa para definir as três grandes questões da vida: QUERO, DEVO, POSSO? Tem coisas que eu quero, mas não devo, tem coisas que eu devo mais não posso, tem coisas que eu posso, mas não quero. E só é possível dizer que a gente alcança a paz de espírito quando essas coisas coincidem, ou seja, quando aquilo que a gente quer, a gente pode e a gente deve.

Quem normatiza essas coisas é o Grande Outro social.

Há 20 anos, haveria gente fumando dentro de um auditório. Há 10 anos, haveria uma placa: proibido fumar. Hoje, a placa já (quase) se faz desnecessária: o costume padrão foi introjetado. Há 20 anos era lindo fumar! Hoje...

Então, a ocasião não faz o ladrão? Não! A ocasião revela o ladrão. Quem não é ladrão, não é ladrão, e não há ocasião que o faça ser. O princípio ético se traduz numa prática moral. Daí a diferença entre moral e ética. A moral responde à pergunta: isso é certo ou errado? A ética responde à questão: se eu seguir esse caminho e se eu continuar por ele, aonde isso me levará?

Ficou claro?

Dito isso, retome a pergunta que ficou suspensa na última vez: Você vem atualizando seus conceitos com a mesma frequência com que troca o aparelho de TV, o tablet ou o celular?

O homem é um animal altamente adaptativo. A experiência mostra e História confirma que nos momentos de transição, a sobrevivência humana esteve estreitamente vinculada à capacidade de se adaptar. Eu sempre brinco que mais adaptáveis que os humanos, só os ratos: na fome, rato come até sabão!

A adaptação tem a manha de produzir um ponto novo de equilíbrio entre as práticas e os condicionamentos do passado e as novas condutas e os novos diagnósticos que precisam ser incorporados, para o presente e o futuro. Não é fácil perceber que uma das primeiras transformações que o momento exige é a de que você ajuste os ponteiros internos com o momento em que vive. Perca tudo, mas não perca a contemporaneidade.

E faz tão pouco tempo que passamos a viver noutro mundo que ainda não nos acostumamos a pensar diferente. Alguns dados podem exemplificar como a coisa anda, digo, voa.

Em 2004, a quantidade de máquinas fotográficas digitais produzidas foi de 6000 unidades a cada 60 minutos. No total, 74 milhões de unidades: 6 mil espiões novos por hora!

Em 2005, o volume de programação que as 31.750 emissoras de TV e as 51.120 emissoras de rádio do planeta transmitiram durante um período de 24 horas, foi de 2 séculos num único dia.

Ainda em 2005, a quantidade de câmeras de vídeos digitais vendidas foi de 18,5 milhões de unidades: 2 mil novos cineastas a cada hora. Também nesse ano, a estimativa de quantas câmeras de circuito fechado que vigiavam os espaços públicos no mundo era de 7 milhões de olhos. (Nessa conta, não estavam incluídos os espaços privados.) Só na Inglaterra, campeão absoluto de vigilância, havia 4,2 milhões de câmeras. Cada habitante de Londres era flagrado pelo menos 300 vezes por dia.

A cada segundo, acontece 1 milhão de clicks nas páginas da Internet. Se uma pessoa clicasse uma única vez a cada segundo, demoraria 12 dias clicando ininterruptamente até atingir 1 milhão de clicks, ou seja, demoraria 12 dias para repetir o que acontece no mundo a cada segundo.

A quantidade de fotos e vídeos transmitidos por celulares, só enquanto você estiver vendo estes números é de 30 mil. São 30.000 eternidades novas a cada lapso de tempo.

Se todos os integrantes acessassem a mesma página, ao mesmo tempo, no mundo inteiro, isso daria quase dois bilhões de usuários. Uma China inteira e mais um punhado de gente.

Existem 2.500.000 outdoors e painéis só das 5 maiores empresas de mídia exterior do mundo. Só no Brasil são mais de 40.000 painéis. 6.000 deles, só na cidade de São Paulo.

Caso todas as páginas existentes na Internet fossem transformadas em páginas de livros enfileirados, a estante teria 50 mil km. A rede mundial tem 700 bilhões de páginas – 100 para cada habitante do planeta. Uma estante dessas dimensões você pode acessar todos os dias. E, não fique triste, porque ela se encontra em contínua expansão.

Termino lembrando que muitos desses números se remetem a 2006. De lá pra cá... De lá pra cá...

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