domingo, 22 de janeiro de 2012

SÍNDROME DO PÂNICO (1)

É o sofrimento psíquico do momento presente. Diria que é o fruto podre do mal-estar contemporâneo.

A primeira coisa que chama a atenção é a via sacra do paciente. Geralmente, ele procura o clínico geral, que o manda para um cardiologista, que lhe diz que o seu problema é um caso para o neurologista, que lhe diz “sentir muito, mas o caso é um assunto da psiquiatria”, que depois de medicá-lo, sutilmente, tenta fazer com ele procure um psicanalista, para ouvir do paciente, no final dessa odisséia: “Mas eu não sou louco, doutor!”

É assim.

Os sintomas surgem subitamente, sem causa aparente, “do nada”, como se fosse uma preparação do corpo para alguma "coisa terrível" que vai acontecer. Naturalmente, diante de qualquer perigo, o organismo aumenta a irrigação de sangue no cérebro e nos membros em detrimento de outras partes do corpo. O objetivo é fugir. A reação natural é acionar os mecanismos de fuga. Cai num curral de boi bravo, só pra ver!

Esse é o “sistema de alerta" normal do organismo: um conjunto de mecanismos físicos e mentais que permite que uma pessoa reaja a uma ameaça, real ou imaginária. Esse sistema tende a ser desencadeado desnecessariamente na crise de pânico. Por que desnecessariamente? Porque na Síndrome do Pânico não há perigo real iminente. O sujeito não foge de um perigo, ele foge da ameaça de um perigo. Se a ameaça for interna, o sujeito foge é dele mesmo. O Pânico é um despertador que toca na hora errada.

As estatísticas, geralmente, dos EUA (eles resolvem tudo com estatísticas), informam que 2 a 4% população mundial sofrem da Síndrome do Pânico; sendo 3 mulheres para cada homem, na faixa etária entre 21 a 40 anos.

O perfil do portador (como se fosse um pacote!) da Síndrome do Pânico é bem característico. São pessoas que se encontram no auge da vida profissional, pessoas (em geral) extremamente produtivas, ótimos profissionais, que assumem cargas excessivas de responsabilidades e afazeres, muito exigentes consigo mesmos, portanto, não aceitam erros e imprevistos, preocupam-se excessivamente com problemas cotidianos, extremamente criativos e perfeccionistas (com expectativas muito altas), controladoras (ou seja, necessitadas de aprovação), de pensamento rígido, de comportamento competente e confiável, propenso à repressão de sentimentos negativos (daí o orgulho e irritação), e com tendência a ignorar as necessidades físicas do próprio corpo. Tudo assim, numa frase só!

Amigo ou amiga, um conselho: se você marcou X em mais da metade disso tudo aí atrás, procure ajuda. Agora, se você gabaritou a prova, exija aumento de salário: você é um fenômeno! Sorte de quem trabalha com você!

Esse jeito de ser predispõe “os portadores” a situações de stress total. O stress aumenta a atividade em determinadas regiões do cérebro e desencadeia um desequilíbrio bioquímico nos neurotransmissores. Ok, ok, ok, já sei! Conversa do “Fantástico”, na competência cirúrgica daquele programa em transformar o resto do domingo numa lata de lixo cheia de casca de frutas com as drosóphilas voando por cima.

Agora, aponte o lápis para marcar X nos sintomas da Síndrome do Pânico: contração e tensão muscular, palpitações cardíacas, tontura, atordoamento, náusea, sensação de debilidade, dificuldade para respirar, boca seca, calafrios ou ondas de calor, sudorese, sensação de "estar sonhando fora da realidade”, conseqüente distorção da percepção da realidade, terror (sensação de que algo inimaginavelmente horrível está para acontecer), confusão mental, pensamento rápido demais, medo de perder o controle, de fazer algo embaraçoso, de morrer.

Quantos Xis? ...

Uma crise de pânico pode durar vários minutos e se estender durante anos. É uma das situações mais angustiantes que podem ocorrer a um humano mortal. (Desculpe-me a redundância: é que tem humano que não se percebe mortal, e tem mortal que não se percebe humano.) Quem tem uma crise, se não se tratar, é propenso a ter outras. Quando alguém tem crises repetidas fica extremamente vulnerável e ansioso, com medo do que virá pela frente. É nesse momento que a medicina diz que o paciente é “portador” de uma Síndrome ou Transtorno do Pânico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário